Pablo Bucciarelli, Adventure Camp 2011, São Luiz do Paraitinga

Pablo Bucciarelli, Adventure Camp 2011, São Luiz do Paraitinga

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A Experiência

Pintura de Pablo Amaringo (1938-2009), pintor e professor de arte na sua escola Usko Ayar em Pucullpa, Peru
No segundo semestre de 2013, entre altos e baixos, conheci uma comunidade alternativa, independente e autossustentável, no sul do Brasil. Ao ingressar num dos templos, bem simples diga-se de passagem, senti uma energia boa no ar, fui me harmonizando com o ambiente e percebi algo familiar. Senti as vibrações da montanha, do círculo de fogo de ancestrais indígenas, me sintonizei com as orações espiritualistas sem apego ritualísticos ou dogmas de alguma religião pré-estabelecidas e, sobretudo, senti bater muito forte um desejo de trabalhar mais a fundo as mazelas que sinto existir dentro de mim.

Nesse artigo publico um relato escrito logo após meu reestabelecimento vindo de um longo transe de cinco horas, quando senti a criatividade aguçada, ainda com as lembranças latentes daquela experiência, que considero um divisor de águas na minha vida, pois o esclarecimento trouxe o poder da decisão, que os ignorantes não têm. Costuma-se dizer que a ignorância é o berço da cegueira; e a cegueira, o berço da felicidade. No entanto, aprendi a encarar a realidade de frente desde que meu pai morreu em 1989, quando tinha apenas 14 anos. A notícia, na ocasião, foi dita sem rodeios por um amigo de meu pai, quando acabara de acordar, ainda deitado na cama. Na noite anterior meu pai havia sido internado na UTI de um hospital do bairro por problemas que já enfrentava há alguns meses. Enfim, a partir desse momento, todas as dores e frustrações que vivi nesses quase 25 anos que se passaram me remetiam à passagem de 3 de abril de 1989.

“Amanhã será melhor. Um chamado silencioso desse gênero merece um testemunho emocionado. Não podia imaginar para onde Deus estava me guiando quando me afundei em sentimentos de sofrimento e perda. Poderia ter seguido caminhos obscuros e sem volta, causando uma ruptura maior e definitiva, mas o silêncio se fez prevalecer para que o espetáculo ainda tivesse um segundo ato. De repente diante da possibilidade de cura, me entreguei, aromas, paladares, sentidos aguçados buscando o desconhecido. Fé, esperança, medo, insegurança, talvez sua mistura formassem o caldo grosso diante dos meus olhos. Impossível acreditar que estaria ali há algumas semanas. A cura diante dos meus olhos. Qualquer prognóstico seria mera especulação. Seria? E foi.

Yin-Yang, simbologia do equilíbrio entre os opostos. E foi exatamente isso que iria enfrentar naquela imersão, uma verdadeira batalha astral. No início vi as trevas. Pude experimentar diante dos meus olhos o mal que já causei ao próximo, o próximo mais próximo, senti o mesmo medo, o mesmo ódio, o mesmo terror, o pânico foi extremo, não conseguia mirar ao lado, meus olhos reviravam, minha boca secou, meu estômago embrulhado, meus músculos tremiam, era o frio tomando conta de mim, fogo, olhos vermelhos, trevas. Pude experimentar tudo aquilo que deferi àqueles que maltratei, àqueles que a mim zelaram confiança e respeito, dedicaram amor. Me questionei. Sou eu? Busquei apoio. Veio meu pai, sereno, me abraçou. Olhou-me e sorriu, me beijou. Trocamos olhares, estava perdido, estava aflito, deprimido e ao mesmo tempo querendo fugir. Coração pulsando, quase enfartando. Roguei por todas as forças do bem, e por um tempo perambulei sozinho, enfrentando a fera, cara a cara, olhos nos olhos. Tive medo, mas uma frase a mim dirigida recentemente me sustentava: "Aprenda com você mesmo, seja seu professor, seu crítico, seja fiel a você mesmo". Fui trazido de volta às luzes. Orações, cantos, chocalhos, cordas e tambores... Uma flauta doce. Recebi apoio, mas não sai do transe. Sim, recebi apoio, de todas as entidades e forças ali presentes. Busquei apoio num fio de lucidez que ainda emanava da crença que tenho nas minhas origens. À gênese voltei, me vi um golfinho nascendo, renascendo. A placenta protegida por uma áurea azul, quase da cor do mar, fluorescente. Uma benção que me aquietou.

O cântico alto preenchia o tempo e o espaço e nele me refugiei:

Aho, aho, aho Grande Espírito
Ecoou pela montanha
Até o espaço infinito

Aha, aha, aha minha Mãe Terra
Mãe de todas criaturas
Todas que habitam nela

Raiou, raiou, raiou, raiou o dia
Bate o tambor, Dança do Sol
Meu coração sente alegria

A noite ainda nem começara e tive que suportar uma pressão avassaladora, um medo terrível. Orações, meditação, escuridão, apenas as chamas da fogueira, o cheiro do incenso, mas a movimentação era grande. Constantes limpezas coletivas. Catarse. Tentava me concentrar e manter um laço de consciência, mas às vezes flutuando, às vezes saindo do corpo. Medo de não voltar. De repente a lucidez veio maior. A luz acendeu e ascendeu. Cantos, hinários, orações, força que vinha para serenar, mas ainda em transe. Sentia que algo mudara, mas ainda era pouco, e a noção do tempo foi totalmente perdida.

Humildade para admitir que estava diante de uma experiência única, sem precedentes, entregue de corpo e alma. Deixei que fosse guiado para onde quer que fosse, pois precisava da cura e do aprendizado, do autoconhecimento, precisava suportar todas as dores para que viesse a conversão, pois o mal já havia sido consumado. Precisava entender do que sou feito, de onde vim e para onde vou. Onde estou? Precisava sentir as mesmas dores alheias que havia semeado para suportar o drama e tentar revertê-lo. De repente, uma segunda dose. Duas doses altas de ânimo, uma oração antes e ... sentia descer amarga, mas limpando a alma. Prossegui meu trajeto até meu assento, meu aconchego, meu porto seguro. Foi então que outra dimensão se abriu diante de mim. Pude ver que a mente corrompia a alma. Estava ainda envolto do mal que vive impregnado no mundo externo, na coletividade, no subconsciente, nos dramas passados dos outros e da minha história.

Uma luz brilhava na minha fronte, senti o aroma de flores, senti que o corpo já não era obstáculo. As náuseas passaram e tive certo controle. Mas as alucinações se fizeram mais fortes. Deixei-me ser conduzido, pois senti vibrações de fé e amor, fui seduzido pela paz e um caminho se abriu. Passei um tempo sob o anacronismo, mas diante da visão do amor, sorria, chorava de alegria, como que abraçado por uma bondade colossal, que me deu respostas, respostas íntimas, respostas esclarecedoras sobre quem sou, onde estou e para que estou. Senti medo, vi a raiz do preconceito que ainda resta nos homens e em mim, pois a mente ainda estava presente, obstruindo o fluxo. Mas era o equilíbrio das forças de forma bruta, compacta e dilacerante que estava sendo colocado à prova. Conseguia com um esforço desumano suportar o frio. O fim estava próximo, mas não entendia como o amor e a morte podiam habitar o mesmo ambiente. De repente o amor vinha em forma de um sorriso familiar. Estava sendo amparado por ele, que vinha na minha direção em saudação, como que conferindo se estava no rumo certo. Às vezes percebia forças ruins me puxando, mas a fé e a vontade eram tão grandes que nada me tirava a concentração sobre minha própria experiência.

Às vezes precisava de ajuda, buscava com o olhar faces conhecidas, apoio para suportar o frio que aumentava, frio interior, não havia proteção que fizesse efeito. Imagens dos meus rebentos vinham à tona quando sentia que o medo e o frio cresciam e a lucidez me escapava. Queria estar de olhos abertos. Ao fechá-los me deparava com a loucura. O perdão veio num dos momentos mais ricos de alegria e amor. Meu autoperdão veio como cura, para prosseguir o caminho. Veio também a certeza de quem sou, e que meu pacto é com o bem. Veio a certeza de que estava diante de uma revelação. A missão foi dada há tempos, já tinha essa sensação, uma impressão tênue, mas agora estou seguro que a tenho sob controle em minhas mãos. A mim foi confiado muita coisa, sinto a responsabilidade, e o amor é o instrumento de execução para que a missão tenha um fim. Amor, puro amor, amor, amor...

Sentidos aguçados, visão concatenada em várias dimensões, aromas correndo pelas vias aéreas, os músculos saltando visivelmente, os sons estridentes com ecos em todas as direções. Novamente sou levado, levito, por qualquer caminho, sinto inúmeras emoções a flor da pele. Medo, fome, sede, dor, frio extremo, calor, angústia, uma mistura de tudo ao mesmo tempo, e de repente uma seringa penetra minha nuca por mãos bondosas. De certo uma manifestação anímica. Agradeci a dose com o olhar submisso. Não entendia nada, mas entendia tudo. Flutuava entre o saber e o desconhecer. Caminhava adiante. Meus laços com o bem eram fortalecidos, e a correspondência com o amor me conduzia para ter a confiança mínima diante da missão a mim confiada. Sinto que tenho um grande desafio de superação a fazer. Fui colocado diante de dilemas pessoais, um a um, pude dialogar com eles. Pude encarar o mal. Suportei docilmente, sem arrogância, com o desespero velado, ainda que o tinhoso estivesse ali presente. Fui corajoso, senti orgulho, me olhei de frente sem a vergonha de ver a face obscura. Mas olhei-me com bondade, porque vi uma doença prestes a ser aniquilada. Se não foi ainda, será, pois assim reina a vontade, a minha vontade.

Calado, mas em pensamento cantando, movendo os braços, arranhando as pernas, pois o frio era intenso, no alto de uma montanha me avistei integrando uma tribo. Via-me como parte daqueles respeitáveis índios. Comecei a marchar, bradando seu hino, estufando o peito e feliz com um sorriso de guerreiro pronto para a batalha. Vou vencer, pensei, esse era o sentimento, uma vitória anunciada se manifestava contra o lado escuro que reside em minh’alma. A dança se intensificava, o calor estava apenas no desejo, porque no alto daquela montanha nevada meus pés estavam congelados. Trêmulos, estavam trêmulos meus membros inferiores. Mas continuei marchando, porque tenho uma missão, é um caminho sem volta. Estava focado nos laços com o destino que está reservado para mim. A visão estava clara, e o pajé me olhava com firmeza, passando confiança, e me fazendo acreditar que sou capaz. Senti uma onda de força numa magnitude capaz de me fazer explodir em alegria. Um amor colossal vinha de dentro, mas me contive, pois minha vontade era pular, gritar, havia me encontrado dentro do caos. Queria agradecer, queria festejar, queria chorar, precisava me manifestar, mas consegui conter o impulso e a postura foi mantida. Com respiração ofegante, mas o alinhamento sempre presente. Coluna ereta, cabeça erguida, pés e mãos alinhados, concentração naquilo que buscava, o autoconhecimento.

Amor, sim. A resposta para tudo. Sem dúvida, o aprendizado estava assimilado. Mas as forças eram mínimas, não entendia porque a morte, representada pelo frio interior, ainda tomava conta e crescia. Porque tenho que me entregar, por quê? Queria viver para dar continuidade, mas Deus estava presente, então confiei. Me entreguei. Não me lembro de tudo, faíscas de consciência me ligavam à vida, mas o transe foi soberano, me conduzindo à mensagem sagrada. A morte foi necessária, ela foi boa, não houve ruptura. A morte foi sinônimo de renascimento. A morte foi minha conversão. Quando voltei à vida, vi que um aprendizado transcendental de ordem cósmica e de profundidade infinita ocorrera dentro de mim. Chorei com alegria por ter visto o rebento de um novo ser. O amor próprio cresceu numa curvatura gigantesca, como uma árvore patagônica brotando sob meus pés, mais ainda, como uma aeronave extraterrestre viajando a todos os continentes à velocidade da luz. O universo é grande e infinito, mas o amor próprio que nasce humilde, servindo de base para a missão que se faz presente, foi uma sensação de dimensão indescritível. Fui agraciado pela Providência, e a libertação do mal veio como uma dádiva pela persistência, pela busca e a coragem de atravessar a fronteira. A síntese de tudo isso está na confiança que hoje tenho sobre meu rumo. Agora, devo seguir a vida real, com todas as consequências geradas pela negatividade que disseminei. Mas, de outra forma, agora tenho a ferramenta mais importante no coração, o amor maior, próprio e ao próximo. O que foi perdido não se recupera mais, mas o que pode ser reconstruído só depende de mim. Vamos à luta.”

Pablo Bucciarelli
15/7/2013
Concentração - Aliança Santo Daime e FSI (Fogo Sagrado de Itzachilatlan)
Céu do Patriarca São José
Patrono Valdete Mota de Melo
Florianópolis, Santa Catarina
Brasil


L'ESPERIENZA

Nella seconda metà del 2013, tra alti e bassi, ho incontrato una comunità alternativa, indipendente e autosufficiente, nel sud del Brasile. Entrando in uno dei templi, anzi molto semplice, ho sentito una buona energia nell'aria, mi sono armonizzato con l'ambiente e ho notato qualcosa di familiare. Ho sentito le vibrazioni della montagna, il cerchio di fuoco degli antenati indigeni, mi sono sintonizzato con le preghiere spiritualistiche senza attaccamento rituale o dogmi di qualche religione prestabilita e, soprattutto, ho sentito colpire molto forte il desiderio di lavorare più a fondo sui mali che sento esistere dentro di me.

In questo articolo, pubblicato 10 anni fa, scritto subito dopo il mio ristabilimento proveniente da una lunga trance di cinque ore, quando ho sentito la creatività acuta, ancora con i ricordi latenti di quell'esperienza, che considero uno spartiacque nella mia vita, perché l'illuminazione ha portato il potere della decisione, che gli ignoranti non hanno, condivido la mia esperienza. Si dice spesso che l'ignoranza è la culla della cecità; e la cecità, la culla della felicità. Tuttavia, ho imparato ad affrontare la realtà a testa alta da quando mio padre è morto nel 1989, quando aveva solo 14 anni. La notizia, all'epoca, è stata detta senza mezzi termini da un amico di mio padre, quando mi ero appena svegliato, ancora sdraiato a letto. La sera prima mio padre era stato ricoverato in terapia intensiva in un ospedale del quartiere per problemi che stava affrontando da alcuni mesi. Ad ogni modo, da quel momento in poi, tutti i dolori e le frustrazioni che ho vissuto in questi quasi 25 anni passati mi hanno portato al passaggio del 3 aprile 1989.

“Domani sarà meglio. Una chiamata silenziosa di questo genere merita una testimonianza emotiva. Non potevo immaginare dove Dio mi stesse guidando quando sono sprofondato in sentimenti di sofferenza e perdita. Avrebbe potuto seguire strade oscure e senza ritorno, causando una rottura maggiore e definitiva, ma il silenzio si fece prevalere affinché lo spettacolo avesse ancora un secondo atto. Improvvisamente di fronte alla possibilità di guarigione, mi sono dato, aromi, palati, sensi acuti alla ricerca dell'ignoto. Fede, speranza, paura, insicurezza, forse la loro miscela formerebbero il brodo denso davanti ai miei occhi. Impossibile credere che sarei stato lì qualche settimana fa. La guarigione davanti ai miei occhi. Qualsiasi prognosi sarebbe mera speculazione. Sarebbe? E lo era.

Yin-Yang, simbologia dell'equilibrio tra gli opposti. Ed è esattamente quello che avrei dovuto affrontare in quell'immersione, una vera battaglia astrale. All'inizio ho visto l'oscurità. Ho potuto sperimentare davanti ai miei occhi il male che ho già causato al prossimo, il prossimo più vicino, ho sentito la stessa paura, lo stesso odio, lo stesso terrore, il panico era estremo, non potevo mirare di lato, i miei occhi giravano, la mia bocca si è asciugata, il mio stomaco avvolto, i miei muscoli tremavano, era il freddo che mi prendeva, il fuoco, gli occhi rossi, l’oscurità. Ho potuto sperimentare tutto ciò che ho deferito a coloro che ho maltrattato, a coloro che mi hanno curato fiducia e rispetto, hanno dedicato amore. Mi sono interrogato. Sono io? Ho cercato supporto. Mio padre è venuto, sereno, mi ha abbracciato. Mi guardò e sorrise, mi baciò. Ci siamo scambiati gli sguardi, ero perso, ero afflitto, depresso e allo stesso tempo volevo scappare. Cuore che pulsa, quasi infarto. Ho pregato per tutte le forze del bene, e per un po' ho vagato da solo, affrontando la bestia, faccia a faccia, con gli occhi negli occhi. Avevo paura, ma una frase indirizzata a me di recente mi sosteneva: "Impara da te stesso, sii il tuo insegnante, il tuo critico, sii fedele a te stesso". Sono stato riportato alle luci. Preghiere, canti, sonagli, corde e tamburi... Un flauto dolce. Ho ricevuto supporto, ma non ho lasciato la trance. Sì, ho ricevuto supporto, da tutte le entità e forze presenti lì. Ho cercato sostegno in un filo di lucidità che emanava ancora dalla fede che ho nelle mie origini. Alla genesi sono tornato, mi sono visto un delfino nascere, rinascere. La placenta protetta da un'aurea blu, quasi color mare, fluorescente. Una benedizione che mi ha calmato.

Il canto alto riempì il tempo e lo spazio e in esso mi rifugiarono:

Aho, aho, aho Grande Espírito
Ecoou pela montanha
Até o espaço infinito

Aha, aha, aha minha Mãe Terra
Mãe de todas criaturas
Todas que habitam nela

Raiou, raiou, raiou, raiou o dia
Bate o tambor, Dança do Sol
Meu coração sente alegria

La notte non era ancora iniziata e ho dovuto sopportare una pressione travolgente, una paura terribile. Preghiere, meditazione, oscurità, solo le fiamme del fuoco, l'odore dell'incenso, ma il movimento era grande. Pulizie collettive costanti. Catarse. Ho cercato di concentrarmi e mantenere un legame di coscienza, ma a volte fluttuando, a volte lasciando il corpo. Paura di non tornare. Improvvisamente la lucidità è diventata più grande. La luce si accese e ascese. Canti, inni, preghiere, forza che veniva a serenare, ma ancora in trance. Sentivo che qualcosa era cambiato, ma era ancora poco, e la nozione del tempo era totalmente persa.

Umiltà di ammettere di essere di fronte a un'esperienza unica, senza precedenti, consegnata anima e corpo. Ho lasciato che fosse guidato ovunque andasse, perché avevo bisogno di guarigione e apprendimento, conoscenza di me stesso, avevo bisogno di sopportare tutti i dolori perché arrivasse la conversione, perché il male era già stato consumato. Avevo bisogno di capire di cosa sono fatto, da dove vengo e dove vado. Dove sono? Avevo bisogno di provare lo stesso dolore degli altri che avevo seminato per sopportare il dramma e cercare di ripristinalo. All'improvviso una seconda dose. Due alte dosi di incoraggiamento, una preghiera prima e...sentivo di scendere amaro, ma pulendo l'anima. Ho proseguito il mio viaggio verso il mio posto, il mio nido, il mio porto sicuro. Fu allora che un'altra dimensione si aprì davanti a me. Ho potuto vedere che la mente corrompeva l'anima. Ero ancora avvolto dal male che vive impregnato nel mondo esterno, nella collettività, nel subconscio, nei drammi passati degli altri e nella mia storia.

Una luce brillava sulla mia fronte, sentivo l'aroma dei fiori, sentivo che il corpo non era più un ostacolo. La nausea è passata e ho avuto un certo controllo. Ma le allucinazioni sono diventate più forti. Mi sono lasciato guidare, perché sentivo vibrazioni di fede e amore, sono stato sedotto dalla pace e si è aperta una strada. Ho passato del tempo sotto l'anacronismo, ma di fronte alla visione dell'amore, ho sorriso, ho pianto di gioia, come se fossi abbracciato da una gentilezza colossale, che mi ha dato risposte, risposte intime, risposte illuminanti su chi sono, dove sono e per cosa sono. Avevo paura, vedevo la radice del pregiudizio che rimane negli uomini e in me, perché la mente era ancora presente, ostruendo il flusso. Ma era l'equilibrio delle forze in modo grezzo, compatto e lacerante che veniva messo alla prova. Potevo con uno sforzo disumano sopportare il freddo. La fine era vicina, ma non capivo come l'amore e la morte potessero abitare lo stesso ambiente. All'improvviso l'amore arrivava a forma di sorriso familiare. Ero sostenuto da lui, che veniva verso di me in saluto, come se controllasse se fosse sulla strada giusta. A volte ho notato cattive forze che mi tiravano, ma la fede e la volontà erano così grandi che nulla mi toglieva la concentrazione sulla mia esperienza.

A volte avevo bisogno di aiuto, cercavo con lo sguardo volti noti, supporto per resistere al freddo che aumentava, freddo interiore, non c'era protezione che facesse effetto. Le immagini dei miei germogli sono venute alla luce quando ho sentito che la paura e il freddo crescevano e la lucidità mi sfuggiva. Vorrei avere gli occhi aperti. Quando li ho chiuso, venivo attraverso la follia. Il perdono è arrivato in uno dei momenti più ricchi di gioia e amore. Il mio auto-perdono è venuto come una cura, per continuare il percorso. È arrivata anche la certezza di chi sono e che il mio patto è con il bene. È arrivata la certezza che si trovasse di fronte a una rivelazione. La missione è stata data molto tempo fa, avevo già questa sensazione, un'impressione tenue, ma ora sono sicuro di averla sotto controllo nelle mie mani. Mi è stato affidato molto, sento la responsabilità, e l'amore è lo strumento di esecuzione perché la missione abbia una fine. Amore, amore puro, amore, amore...

Sensi acuti, visione concatenata in varie dimensioni, profumi che corrono attraverso le vie aeree, muscoli che saltano visibilmente, suoni striduli con echi in tutte le direzioni. Ancora una volta sono preso, levito, in qualsiasi modo, provo innumerevoli emozioni a fior di pelle. Paura, fame, sete, dolore, freddo estremo, calore, angoscia, un mix di tutto allo stesso tempo, e improvvisamente una siringa mi penetra nella nuca attraverso mani gentili. Certamente una manifestazione animica. Ho ringraziato la dose con lo sguardo sottomesso. Non ho capito niente, ma ho capito tutto. Galleggiava tra il sapere e l'ignoranza. Andava avanti. I miei legami con il bene erano rafforzati, e la corrispondenza con l'amore mi ha portato ad avere la minima fiducia di fronte alla missione affidata a me. Sento di avere una grande sfida da superare. Sono stato messo di fronte a dilemmi personali, uno per uno, ho potuto dialogare con loro. Ho potuto affrontare il male. Ho potuto sorversarlo docilmente, senza arroganza, con la disperazione velata, anche se il diavolo era lì. Sono stato coraggioso, mi sono sentito orgoglioso, mi sono guardato a testa alta senza la vergogna di vedere il volto oscuro. Ma mi sono guardato con gentilezza, perché ho visto una malattia che stava per essere annientata. Se non lo è ancora stato, lo sarà, perché così regna la volontà, la mia volontà.

Silenzioso, ma nel pensiero cantando, muovendo le braccia, grattandomi le gambe, perché il freddo era intenso, in cima a una montagna mi sono visto integrare una tribù. Mi vedevo come parte di quei rispettabili indigeni. Ho iniziato a marciare, gridando il suo inno, gonfiando il petto e felice con un sorriso da guerriero pronto per la battaglia. Vincerò, ho pensato, questa era la sensazione, una vittoria annunciata si è manifestata contro il lato oscuro che risiede nella mia anima. La danza si intensificava, il calore era solo nel desiderio, perché su quella montagna innevata i miei piedi erano congelati. Tremulo, i miei arti inferiori erano tremulti. Ma ho continuato a marciare, perché ho una missione, è una strada senza ritorno. Ero concentrato sui legami con il destino che mi è riservato. La vista era chiara, e il pajè mi guardava con fermezza, trasmettendo fiducia e facendomi credere di essere capace. Ho sentito un'ondata di forza in una grandezza capace di farmi esplodere di gioia. Un amore colossale veniva dall'interno, ma mi sono contenuto, perché il mio desiderio era di saltare, urlare, mi ero trovato nel caos. Volevo ringraziare, volevo festeggiare, volevo piangere, avevo bisogno di manifestarmi, ma sono riuscito a trattenere l'impulso e la postura è stata mantenuta. Con respiro sibilante, ma l'allineamento sempre presente. Colonna vertebrale eretta, testa alta, piedi e mani allineati, concentrazione su ciò che cercava, la conoscenza di sé.

Amore, sì. La risposta a tutto. Senza dubbio, l'apprendimento è stato assimilato. Ma le forze erano minime, non capivo perché la morte, rappresentata dal freddo interiore, prendeva ancora il sopravvento e cresceva. Perché devo arrendermi, perché? Volevo vivere per dare continuità, ma Dio era presente, quindi mi sono fidato. Mi sono arreso. Non ricordo tutto, scintille di coscienza mi legavano alla vita, ma la trance era sovrana, portandomi al messaggio sacro. La morte era necessaria, era buona, non c'era rottura. La morte era sinonimo di rinascita. La morte è stata la mia conversione. Quando sono tornato in vita, ho visto che un apprendimento trascendentale di ordine cosmico e profondità infinita si era verificato dentro di me. Ho pianto con gioia per aver visto il germoglio di un nuovo essere. L'amor proprio è cresciuto in una curvatura gigantesca, come un albero patagonico che spunta sotto i miei piedi, ancora di più, come un aereo extraterrestre che viaggia in tutti i continenti alla velocità della luce. L'universo è grande e infinito, ma l'amor proprio che nasce umile, che funge da base per la missione presente, è stato un senso di dimensione indescrivibile. Sono stato graziato dalla Provvidenza, e la liberazione dal male è arrivata come un dono per la persistenza, la ricerca e il coraggio di attraversare il confine. La sintesi di tutto questo è nella fiducia che ho oggi sul mio corso. Ora, devo seguire la vita reale, con tutte le conseguenze generate dalla negatività che ho disseminato. Ma altrimenti, ora ho lo strumento più importante nel cuore, l'amore più grande, per me stesso e per il prossimo. Ciò che è stato perso non si recupera più, ma ciò che può essere ricostruito dipende solo da me. Combattiamo."

Pablo Bucciarelli
15/7/2013
Concentrazione – Alleanza Santo Daime e FSI (Fuoco Sacro di Itzachilatlan)
Céu del Patriarca San Giuseppe
Patrono Padrino Valdete Mota de Melo
Florianópolis, Santa Catarina
Brasile

Um comentário:

  1. Grande viaggio, potente, rivelatore, …ha tracciato la via.
    (quello che hai deciso di compiere
    in questa vita!)
    Trasformare
    Lasciare andare
    Perdonare
    Amare
    e GIOIRE

    Grazie Pablo per la condivisione.

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